Infulero

Da minha admiração pelo Grêmio…

Posted on: 6 outubro 2009

Eu, um colorado nascido e criado em plena era Beira-Rio, trago comigo essa relação curiosa com o Grêmio Futebol Porto-Alegrense. De início, o Grêmio não era apenas o adversário sempre batido no campeonato gaúcho. O Grêmio era, na verdade, o time do meu avô, pai do meu pai, de quem ganhamos, para além do mesmo sobrenome, o pré-nome Hermínio. O vô Hermínio, de Alegrete, um negro alto-magro, de cabelos já a muito grisalhos, sentado na soleira da porta, a fazer um cigarro de palha, fumo de rolo, enquanto a água do mate esquenta, a contar me histórias de um jogador dos tempos da sua longínqua juventude. Um tal de Tupãzinho que devia ser o Pelé daqueles tempos. Nunca entendi se esse Tupãzinho, era do Inter ou do Grêmio ou do Flamenguinho de Alegrete.

O vô Hermínio, que ao jogar canastra, ensinava “não larga o dois de espadas, guri, é o coringa… E vê se pega logo esse morto!” O vô Hermínio. Terá sido por causa dele que o Zique, meu irmão, tornou-se no segundo gremista da família? Vá saber… Foi o nosso avô que nos levou para ver o primeiro jogo de futebol no estádio. Um Inter 0 x 1 Cruzeiro. Mas esta história já foi contada.

Pois, o Grêmio era o meu adversário e eu tratava de o conhecer muito bem. Anos depois aprendi que isso vem no livro “A Arte da Guerra” de Sun Tzu. Conhece o teu inimigo! E o Grêmio daqueles primeiros anos? Era: Corbo, Eurico, Ancheta, Tabajara; Tadeu Ricci, Vitor Hugo e Iura; Tarciso, André e Éder. Que nada, misturei o primeiro Grêmio que conheci, com o primeiro Grêmio que vi vencedor. Eram 1977, o treinador, Telê Santana, já um mestre, nessa época. E lá estava eu acompanhando pela tevê, o André Catimba fazendo um gol de título e a seguir voando e parando no ar como beija-flor. E logo depois estatelando-se no chão. Foi uma bela vitória, um pouco manchada pela invasão de torcedores que interrompeu a partida a 10 minutos do fim, mas isso são coisas pra ficar no folclore do clássico grenal.

Outro detalhe que eu muito admiro é o Hino do Grêmio. “Até a pé nós iremos para o que der e vier…” Lupicínio Rodrigues, um compositor clássico de Porto Alegre, famoso pelos sambas dor-de-cotovelo, compostos nas frias noites boêmias da cidade. Sempre gostei das músicas do Lupi, então é natural achar o Hino do Grêmio, belíssimo. Até tenho uma gravação deste hino, na interpretação de Vitor Ramil, outro compositor gaúcho de minha predilecção. Para mim, essa é a versão definitiva.

E chegam 1981 e Baltazar Maria de Morais Júnior, pega o rebote de uma cabeçada de Renato Sá, mata no peito com toda a categoria que Deus lhe deu, e coloca na gaveta de Valdir Perez. O Grêmio tem o artilheiro de Deus e é campeão brasileiro pela primeira vez. Tudo isso, o garoto colorado de parcos 15 anos, acompanha e não esconde a alegria por ver o segundo time de Porto Alegre, vencer também a nível nacional.

Pode soar estranho, hoje em dia, mas secar, zoar, são palavras que só vão entrar no dicionário desse guri, lá pelo fim dos anos 80, início dos 90. Antes disso, ele ainda torceria para o Grêmio em Tóquio contra o Hamburgo, muito por conta do Mário Sérgio, ponta-esquerda genial que foi campeão invicto pelo Inter em 1979 e que fora então ajudar o Grêmio a conquistar o maior título de sua história. Hoje, Mário Sérgio assume o comando do vestiário colorado, quem sabe em busca de um novo título?

Por conta disso, o Clube Grêmio Futebol Porto-Alegrense ainda merece a admiração silenciosa desse colorado que ocupa esse pequeno espaço aqui no Blog do Infulero. É uma admiração silenciosa, porque tão divertido quanto torcer a favor do Inter, é dar aquela escadinha básica no Grêmio. Após cada rodada, quem perder que pague o pato.

Assim sendo, segunda pra lá!!!!

By Lidio H. Freitas Jr.

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